quinta-feira, 20 de novembro de 2014

A dúvida

Hoje dei por mim a pensar: "mas porquê tudo isto?". Talvez seja o tempo farrusco, as saudades ou simplesmente, a falta de paciência que hoje me assola e me acompanha. Uma bagagem que se começa a transformar num fardo... Uma atitude que desencadou outras tantas, e que ela própria foi consequência de movimentações anteriores.  A dúvida começa a crescer, a tornar-se dilacerante. Uma alma inquieta e com demasiadas interrogações.
"Mas porquê tudo isto?". Continua sem resposta. A cada vez que a pergunta se repete, mais e mais distante me torno de encontrar uma resposta. Respostas existem, claro, mas... quando somos demasiado cerebrais, procuramos respostas sérias, objectivas, pragmáticas, mas há dias (semanas, meses) que estas teimam em não aparecer.  Um dos meus mandamentos, é viver (ou tentar) sem dúvida. Quando a dúvida surge, começa a escalada. A epopeia de não descansar enquanto a dúvida não estiver desfeita. Mas a jornada é longa, a outrora alta montanha, é hoje um vulcão em erupção diária, que quanto mais se escala, mais longe se fica do cume. Mas quando o ponto de partida está mais longe do que a meta, não há outra solução senão continuar a caminhada. É um caminho sem retorno. A dúvida persiste, mas a caminhada para encontrar a solução, está em curso e assim continuará.
Hoje dei por mim a pensar: "mas porquê tudo isto?". Dei por mim a pensar e repensar e... não cheguei a conclusão alguma.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

"(...) é algo complexo, difícil de explicar, igualmente difícil de sentir e impossível de ultrapassar"

Talvez o pior sentimento que posso ter por uma pessoa. Um sentimento destrutivo, e na grande maioria das vezes (seria demasiado presunçoso se dissesse na totalidade das vezes, mas é quase isso) sem retorno. Um sentimento dilacerante, difícil de superar, e uma vez superado, jamais volta a trás, onde não existe o "tudo volta a ser como antes". Por isso sim, tenho de afirmar, que se calhar nunca é superado. Deixa marcas demasiado profundas para poderem ser pagadas. Podem ser disfarçadas, mas nunca desaparecem. É como uma cicatriz num pós operatório. A marca original não está lá, mas está presente algo que nos fará sempre relembrar o passado. A desilusão é algo complexo, difícil de explicar, igualmente difícil de sentir e impossível de ultrapassar. Muitas vezes dizemos "tu desiludiste-me", mas raramente isso acontece. Ou pelo menos com a importância que essa palavra carrega em si. A verdadeira desilusão é algo terrível. Destrói relações, amizades, projectos, destrói acima de tudo as pessoas. Mas como lidar com isto? No que a mim me diz respeito, é difícil de ultrapassar. Talvez por eu acreditar demasiado nas pessoas, ter uma fasquia demasiado elevada em relação aos outros e a mim próprio. Sou exigente comigo mesmo, e por conseguinte com os que me rodeiam. E quando sou desiludido, raramente tem retorno... É um caminho sem retorno. Reconheço que possa ser um defeito, mas perdoar algo grave ao ponto de ficar desiludido, é quase impossível. Como se costuma dizer, é mais fácil construir do que remediar. E quando a desilusão aparece, é uma espiral de situações que necessitam remédio. E infelizmente essa capacidade nem sempre está presente. Não para todos. É muito comum ouvir as pessoas dizerem que perdoam esta ou aquela situação, mas perdoam realmente? Na maioria das vezes não. Na primeira situação desfavorável, na primeira discussão, o "assunto" que tinha sido alvo de perdão é simplesmente "atirado à cara" da pessoa com quem se está a discutir. Por isso, qual o objectivo de se dizer que se perdoa, quando na verdade não o fazemos...? Porque para mim a verdadeira desilusão, é eu desistir dessa pessoa. Não há ódio, não há rancor, não há raiva, simplesmente não existe essa pessoa. Perde-se irremediavelmente e.. para sempre.

Sou uma céptica que crê em tudo, uma desiludida cheia de ilusões, uma revoltada que aceita, sorridente, todo o mal da vida, uma indiferente a transbordar de ternura. 

- Florbela Espanca -

domingo, 16 de fevereiro de 2014

O espelho do passado

Um dia vais parar, olhar para trás e pensar: - "Se fosse hoje, faria tudo de forma diferente, não teria cometido metade dos erros que cometi, não teria feito isto ou aquilo". 
Depois voltas a ti e dizes para ti mesmo: - "Claro que faria tudo da mesma forma, não mudaria uma vírgula, porque não saberia como seria o futuro,e só deste modo, se pode viver ao invés de passar pela vida de forma discreta e suave; viver em vez de sobreviver".

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Amizade

Podes passar por muitas coisas, conhecer muitos sentimentos, sensações, histórias, mas nunca irás encontrar nada mais importante e essencial do que a amizade. É assim, de forma simples, que eu defino o mais nobre, e tal vez por isso, o sentimento mais difícil de construir e acima de tudo manter - a amizade!

É de facto muito difícil conseguir por em palavras o que é uma verdadeira amizade. É um compromisso de honra entre 2 pessoas, entre dois amigos. Ser amigo, é muito mais do que ser parente de alguém. É sem companheiro! A amizade verdadeira, é inabalável, resiste a tudo. É o resultado de uma escolha de duas pessoas, que não se conhecem de "lado algum", mas que partilham ideias, sentimentos, pontos de vista. Por vezes podem até ter ideias diametralmente opostas, mas conseguem aceitar a decisão da outra parte, sem julgar, sem pedir nada em troca. São movidos por interesses (essencialmente imateriais) comuns. Apoiam-se nos momentos bons, mas essencialmente nos momentos cinzentos. Estão sempre lá. Mesmo que não se comuniquem durante muito tempo, sabem que contam um com o outro. E o mais curioso é que por vezes, após estar tanto tempo sem saber notícias do outro, um dia resolvem restabelecer contacto, e curiosamente (ou então não) é nessa altura que estão a precisar um do outro. O verdadeiro amigo, percepciona que o outro precisa dele. Não é cientificamente explicável (eu pessoalmente não o consigo explicar) mas há aquela sensação de que estão a precisar de nós. Consigo perceber, ainda antes mesmo do "pedido de ajuda". Porque o verdadeiro amigo não precisa de pedir ajuda, muito antes disso, o outro já sabe que é mais preciso que nunca. E está lá. Simplesmente está! Está sempre, estará sempre!

É capaz de ser uma das palavras mais incorrectamente usada. Usamo-la em todo lá, até em algumas redes sociais. Mas temos assim tanto amigos? Óbvio que não. Quem diz que tem muitos amigos, não tem nenhum, já o dizia Aristoteles. Os verdadeiros amigos são aqueles que se contam pelos dedos das mãos, e muito provavelmente ainda sobram dedos!

Contrariamente ao que a maioria das pessoas diz, para mim a família não é o mais importante. A família não se escolhe, já nascemos dentro de uma família, quer gostemos quer não, é nossa. Não foi uma escolha nossa, foi-nos imposta! Para mim o mais importante são de facto os amigos! Evidentemente que existem determinados membros da família, mais importantes que outros, mas esses para mim são amigos, que por acaso tem como uma das suas características ser meus familiares. A amizade é o mais importante da vida. Conseguir ser-se verdadeiro amigo de alguém, é um verdadeiro desafio. Um desafio permanente. E não importa o tempo de uma amizade, não é o tempo que define a amizade, mas sim o que se faz com essa pessoa, o que se partilha, o modo como se partilha. E melhor do que ser ajudado por um amigo é poder ajudar um. É um sentimento indiscritível. Aos que posso chamar de amigos, só me resta agradecer. Obrigado por serem meus amigos, contra tudo e contra todos, aqui ao lado ou a milhares de quilómetros, sabem que podem contar comigo para tudo. Sempre! Porque um verdadeiro amigo, nunca te vai pedir algo que saiba que tu não tens capacidade de fazer...



"Em todos os parentes o amor é acidente que se pode mudar; no amigo fiel é essência, e por isso imutável." - Antonio Vieira

"Há quem procure o padre, outros refugiam-se na poesia, eu procuro os meus amigos." - Virginia Woolf 

"Ó serena amizade! 
Tu prestas mais que Amor: seus vãos favores 
São caros, são custosos."  - Bocage

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Mudança

O ser humano é relutante à mudança. Isso está comprovado e podemos observá-lo todos os dias; nas pessoas que nos rodeiam e em nós próprios. Evidentemente que existem pessoas mais relutantes à mudança que outros. Não é facil mudar, de facto, mas é a mudança que nos torna capazes de evoluir, de melhorar, de encontra o que de facto gostamos, o que contribui para a nossa felicidade. Nem sempre é fácil, é verdade. Principalmente as grandes mudanças, como mudar de profissão, de país, de vida... Eu tinha um bisavô que costumava dizer: "mudar sempre, nem que seja para pior. O importante é mudar". Eu não sou tão extremista, ou se calhar sou.. Passo a explicar. Quando estamos conscientes que a mudança que se nos apresenta pela frente, é pior do que a situação em que estamos presentemente, não faz muito sentido mudar. Ninguém que estar numa situação (social, pais, família, relacionamento...) pior do que está, mas é um facto que muitas vezes as "más mudanças" são um pilar essencial numa mudança futura que irá contribuir para a nossa felicidade. Quem nunca apreendeu com uma situação desfavorável, com um erro? Todos nós! O importante é de facto sinalizar o que de menos bom/mau nos aconteceu para delinear estratégias, (re)definir rumos. Só assim se consegue evoluir. E como já tive oportunidade de dizer anteriormente, creio que a maior capacidade do ser humano é a evolução, não apenas a evolução física, mas sobretudo a evolução mental, a evolução de raciocínio.

Então porque somos tão relutantes a mudar (uns mais que outros)? Porque dá trabalho! Provoca sofrimento! Provoca angústias, separações, discussões, divergências de opinião, mas no final... No final vale sempre a pequena. E tal como dizia um dos grandes poetas portugueses: 



"(...)
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.

Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
(...)"

Fernando Pessoa - Mar Português (excerto)

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Estar só é estar sozinho?

Há momentos em que nos sentimos completamente sós. Outros em que precisamos do nosso espaço, do nosso isolamento e não conseguimos repelir aqueles que estoicamente estão à nossa volta. Estamos sós ou estamos sozinhos? Depende dos casos. Estar só não obriga a que estejamos sozinhos e vice versa. Acaba por ser confuso, mas acredito que não é o mesmo. Sentir-se só não é sentir-se solitário. Ou será? Quantas vezes estamos numa sala repleta e sentimo-nos completamente sozinhos, deslocados, sentimos que não fazemos parte daquele filme, que não somos actores daquela peça? Na realidade algumas vezes. Mais das que gostaríamos. O ideal seria nunca conseguirmos percepcionar esse sentimento, mas é um facto que ele acontece. Mas porquê? Porque nos sentimos como um "lobo solitário" quando estamos rodeados de tanta gente? De pessoas que amamos, que conhecemos, pessoas com quem temos pontos em comum? Acredito que seja porque em determinado momento, naquele momento específico, estamos com um "trabalho entre mãos". Com uma situação familiar não resolvida. No deadline de um projecto laboral que temos de cumprir. A viver um desgosto, seja ele qual for. São tudo situações que fazem o nosso cérebro, não querer pensar em mais nada, senão no que temos pendente. Acredito ser um mecanismo de auto-defesa. Um "grilo falante" que nos ajuda a de facto dar importância ao que é prioritário. É nessa altura que nos encerramos no nosso Mundo e deixamos de estar disponíveis para os outros. Alienamos o que está à nossa volta, até que ouvimos a famosa frase "Estás a ouvir? Estou a falar contigo...!" Nessa altura tudo muda... ou então tudo permance igual. Simplesmente por uma questão de educação, ou simples cortesia afastamo-nos do nosso mundo e voltamos a assentar os pés da Terra. É capaz de ser um dos piores sentimentos, o de sentirmo-nos sós, ter medo de ficar só... mas isso por si só é motivo para nos "atirarmos de cabeça" para determinadas situações, ou será...? Questiono-me sobre tudo isto, mas ainda não obtive todas as respostas. E ainda bem, porque viver sabendo tudo, não é certamente a mesma coisa. Não se vive com a mesma intensidade. A vida é fascinante, por isso mesmo, porque vamos obtendo resposta ao longo do caminho e mesmo quando obtemos as piores respostas, é também com elas que aprendemos.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

E se...

Quantas vezes deixamos de fazer isto ou aquilo porque pensamos na malograda frase:"E se...?" De facto muitas, mais do que devíamos, atrevo-me a dizer. É natural existirem dúvidas, medos, receios. A dúvida faz parte da condição humana. Mas deve a dúvida tomar conta das nossas vidas? Dito de outra forma, deve a dúvida hipotecar as nossas decisões? Não! Mas é o que acontece na maior parte das vezes. A dúvida resulta do medo de arriscar, do receio de encontrar uma situação ou a concretização de uma ideia, contrária ao que nós queremos ou idealizamos. O medo do fracasso consegue sobrepor-se a uma ideia que nos agrada, a um sentimento que para nós é novo ou simplesmente a uma vontade de arriscar. Mas e SE não arriscarmos? SE não quisermos dar o benefício da dúvida será que alguma vez ficaremos a saber o que o futuro nos reservava? Não! Mas não é fácil deixar de "dar ouvidos à razão" em etapas ou assuntos que merecem mais reflexão. Os SE estão presentes em todos os campos da nossa vida, desde o trabalho, aos amigos, passando pelo amor. Estão sempre presentes, no entanto, temos de ter a coragem de arriscar mais, deixarmo-nos de hipóteses e inseguranças, só assim se consegue viver ao invés de sobreviver. E a prova disso, é que quando estamos numa situação positiva, seja ela qual for, e pensamos de forma inversa,naturalmente esboçamos um sorriso quando nos perguntamos: "E SE eu não tivesse arriscado, agora estaria tão feliz...?"  Por alturas do início do ano novo chinês, ou ano lunar, desejo a todos os votos de um 2014 com menos SE, com mais sucessos, a cima de tudo... com mais!  Kung Hei Fat Choi :)