sábado, 1 de fevereiro de 2014

Vira o disco e toca o mesmo, a área cinzenta permanece.

Ontem num episódio de insónia, surge uma conversa com a minha irmã. Palavra aqui, frase ali, e começamos a falar de tudo e de nada ao mesmo tempo, aliás como sempre. E entre os temas da actualidade surge a co-adopção homossexual. Confesso que fiquei surpreso com a sua opinião sobre esta tentativa, e esse facto pôs-me a pensar, a questionar, a pesquisar mais sobre o assunto. O que actualmente está sobre a mesa, não é a adopção de uma criança por um casal do mesmo sexo, mas sim a co-adopção. Mas será que as pessoas sabem de facto o que quer dizer co-adopção (seja ela homossexual ou heterossexual)? Neste caso específico, e recuperando o Projecto de Lei, que agora foi levado pelo Presidente da República Portuguesa ao Tribunal Constitucional:

"Quando duas pessoas do mesmo sexo sejam casadas ou vivam em união de facto, exercendo um deles responsabilidades parentais em relação a um menor, por via da filiação ou adoção, pode o cônjuge ou o unido de facto coadotar o referido menor", diz o diploma, que restringe o direito de coadoção a pessoas com mais de 25 anos e à não existência de "um segundo vínculo de filiação em relação ao menor".

Ou seja, se um dos elementos de um casal homossexual já tem um filho (biológico ou adoptado por este) o objectivo deste projecto de lei é permitir ao outro elemento do casal (o que não tem o filho) poder exercer todos os direitos e responsabilidades sobre essa criança, como se fosse sua (desde o início). Posto isto, só me cabe dizer, obviamente que sou a favor. Não vejo onde está a dúvida. Tal e qual como no caso dos casais heterossexuais,  se uma pessoa que tem filhos e decide partilhar a sua vida com uma pessoa, parece-me lógico que os filhos de um dos elementos do casal sejam também do outro elemento. Ou não? Partilhar uma vida com uma criança não é isso mesmo? Dar amor, carinho, educar. Onde está nesta situação o comportamento desviante, como muitos lhe chamam? É mais uma vez a hipocrisia social a falar. "Podes ser homossexual, ter um filho e partilhar a tua vida com uma pessoa do mesmo sexo, mas essa pessoa não pode ser o pai/mãe dos teus filhos". Qual a lógica deste pensamento?

O que me parece é que as pessoas, mais uma vez desinformadas ou mal informadas, estão a confundir tudo. Co-adopção e adopção não são a mesma coisa. No primeiro caso, a criança já está inserida na família, no entanto são negados direitos e deveres a uma parte dessa mesma família. Mais uma vez, a sociedade portuguesa a optar pelo cinzentismo. Querem fazer parecer que são mais tolerantes, menos "botas de elástico", mas são mais hipócritas que nunca. Analisando friamente esta situação, tenho de ser radical e afirmar que não concordo com a co-adopção, mas sim com a adopção plena. A teoria do "copo meio cheio ou meio vazio" não faz sentido. As emoções, a liberdade, o amor, o carinho a estabilidade que uma criança precisa não pode ser balizada entre dois extremos, deves ser total. Mas a sociedade portuguesa, só da "baby steps", quando os consegue dar.

É como a teoria de que uma pessoa solteira, não tem tantas capacidades para educar uma criança do que um casal. Mais uma vez qual a lógica disto? Porque os solteiros tem muito mais dificuldades em adoptar uma criança do que um casal? Porque o tradicional é sempre melhor? Óbvio que não é! As crianças que se encontram para adopção, vieram de uma situação familiar mais tradicional do que muitas das que lhes querem dar uma nova casa. No entanto, elas foram dadas para adopção... Estranho não? Tradicionalmente a mulher também ficava em casa em vez de ter uma carreira. Quantas mulheres são muito melhores profissionais que os homens? Milhões! O mundo evolui, a sociedade tem de evoluir, ou corre o risco de se perder para sempre...

Quando a este tema em concreto e para finalizar, como dizia uma amiga minha: "todas as crianças que possam vir a ser adoptadas por um casal homossexual, foram geradas e rejeitadas por um casal homossexual!"

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